Os anos 1980 foram de pouca novidade automotiva no Brasil, onde para se ter uma ideia, entre 1984 e 1989, apenas dois veículos totalmente novos chegaram ao mercado. Um deles foi o Chevrolet Kadett, hatch que marcou época no País, famoso pelas versões esportivas GS e GSi, além dos motores 1.8 e 2.0, emprestados do sedã médio Monza.
Sua história de 35 anos de Brasil não começou aqui, entretanto. O primeiro Opel Kadett surgiu antes mesmo da Segunda Guerra Mundial, em 1936, nascido para ser um modelo popular. Avançando na história, já em 1973, sua reinterpretação modera daria origem ao Kadett C, que por aqui ficou conhecido como Chevette.
Em 1989, ainda convivendo com o Chevette e aproveitando o sucesso do Monza, o Kadett chega ao mercado em três versões: SL, SL/E e GS, esportiva. O hatch tinha motor 1.8 transversal com carburador de corpo duplo, e 95 cv, com gasolina ou álcool. Já a GS usava o conjunto 2.0, também carburado e apenas movido a álcool, mas com saudáveis 110 cv. A transmissão era manual de cinco marchas, ou automática de três velocidades opcional (SL/E).
Kadett GS rivalizava com Gol GTS/GTi, Uno 1.5R e Escort XR3
Entretanto, o esportivo que substituía o Monza S/R tinha seu ponto negativo: o câmbio de relações curtas. Favorito para manter as rotações altas e prezar pelo desempenho, era irritante em longas viagens, somado ao ronco encorpado do escape duplo Kadron. Além disso, o tanque de combustível, de apenas 47 litros, era pequeno demais, piorando as médias de consumo.
Contudo, nem tudo era negativo. O GS tinha visual esportivo, composto por novas rodas 14 polegadas e pneus 185/60, para-choques, capô, spoilers e aerofólio exclusivos, bem como volante de três raios e bancos Recaro. Além disso, contava com suspensão traseira regulável, que permitia manter o modelo nivelado, mesmo com peso no porta-malas.
Logo, viria a perua Ipanema, que dividia com a longeva Caravan a função de carro familiar na GM, substituindo a Marajó, derivada do Chevette. Destaca-se também a versão Turim do hatch, feita em alusão à Copa do Mundo de 1990, na Itália. Em 1992, com o avanço do Programa de controle de emissões veiculares (Proconve) e de rivais como o Gol GTi, chegava à linha Kadett a injeção eletrônica.
Cobiçada versão GSi conversível era cara e vinha da Itália
Isso significava mudanças na linha, fazendo do esportivo GS um GSi, com o 2.0 de injeção multiponto (MPFI), e 1.8 monoponto (EFI) no restante da linha. Nos SL e SL/E 1.8, a potência ia aos 99 cv com álcool, e 98 cv com gasolina. No GSi, entretanto, a cavalaria subiu consideravelmente, chegando aos 121 cv, com gasolina, utilizando-se da mesma injeção do Monza Classic SE, que nele era opcional.
No GSi, a faixa preta na tampa da mala dava lugar a novos grafismos, mais discretos; novas rodas e interior, bem como a chegada do painel digital, que logo chegaria também ao Monza, e depois no Omega. Computador de bordo e check-control também eram marca registrada da versão mais cara na época.
Logo, chegava também a cobiçada versão conversível, feita pela italiana Bertone, para rivalizar com o Ford Escort XR3. De complexa produção e logística, levava até seis meses para produção, e custava uma fortuna, respondendo pela versão mais cara do Kadett oferecida no País.
O começo do fim
Em 1994, a nomenclatura muda em toda linha GM, e as versões SL e SL/E tornam-se GL e GLS. Em 1995, as versões GSi eram descontinuadas, em favor da menor alíquota de importação, abrindo espaço para outro GM, desta vez o Astra, vindo da Bélgica. Fãs do Kadett esportivo tiveram que se contentar com a versão Sport, que trazia alguns adereços esportivos, mas deveras empobrecida.
Em 1996, o modelo receberia um polêmico facelift, marcando sua primeira e única reformulação, que o acompanharia até o apagar das luzes na linha. Ainda em 1997, o avançar do Proconve torna obrigatória a presença da injeção MPFI em toda a linha.
Assim, em 1998, depois de quase 460 mil unidades vendidas, o hatch abria caminho para a segunda geração (nacional) do Astra, deixando saudade no público.
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