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Aceleramos esportivo da Porsche com gasolina sintética

Constantes debates sobre redução da emissão de gases poluentes se espalham pelo mundo. E para tentar resolver a questão, o setor automotivo foi tomado pela eletrificação. É tanto que já tem montadora com 100% do portfólio composto por carros movidos a eletricidade. Mas, seja por viabilidade, por infraestrutura ou por diversos outros motivos, nem todos são a favor dessa medida e, por isso, outras soluções vêm sendo apresentadas, como o hidrogênio, o gás, o próprio etanol e até a gasolina sintética. E a Porsche vem investindo pesado nisso.



Chamado pela marca de eFuel, a gasolina sintética, em síntese, nada mais é que uma gasolina que, ao invés do petróleo, usa a água como base. Em síntese, tem todo um processo para chegar no metanol e, a partir daí, desenvolver o combustível.

Vagner Aquino/Especial para o Estadão

A princípio, o eFuel tem as mesmas propriedades do combustível fóssil, todavia, é obtido por meio da eletrólise do hidrogênio com a adição de CO2. Desse modo, é totalmente neutro em carbono.

E não é por isso que fica mais fraco ou faz o carro consumir mais. Para se ter ideia, a gasolina sintética tem praticamente a mesma octanagem da gasolina podium. De acordo com a Porsche, é equivalente à gasolina E10, vendida na Europa.

De onde vem e quando chega ao Brasil?

Para fabricá-la, apenas as energias solar e eólica são necessárias. A sede dessa tecnologia inovadora, a usina Haru Oni, foi inaugurada no fim de 2022 e fica no sul do Chile. Mais precisamente em Punta Arenas. De acordo com a marca, a região é excelente para a produção do combustível. Afinal, tem vento forte quase o ano todo, o que permite a usina eólica funcionar com mais desempenho. Aliás, a marca confirma que não há utilização de água potável no processo, pois há processo de dessalinização.

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Usina Haru Oni fica no sul do Chile (Porsche/Divulgação)

A Porsche entrou como sócia da HIF Global LLC, uma holding que desenvolve projetos de instalações de produção de combustíveis sintéticos. Seus 12,5% de participação consumiram investimento de US$ 75 milhões. Também há instalações industriais de e-combustíveis nos Estados Unidos e na Austrália. “Os combustíveis sintéticos oferecem perspectivas interessantes em todos os setores, desde a indústria automotiva até os setores de aviação e transporte marítimo”, explica Michael Steiner, membro do conselho executivo de pesquisa e desenvolvimento da Porsche AG.

Pioneira em combustíveis sintéticos, a Porsche quer impulsionar a tecnologia e atingir todo o planeta. Inicialmente, o uso do e-combustível se restringe ao Chile, nos principais projetos de automobilismo. Durante a apresentação, no entanto, a marca informou que a meta é lançar o eFuel no mercado dentro de um ou dois anos. Sobre preços, ainda é difícil precisar. Por ora, custaria o equivalente à gasolina premium. Mas, com o tempo, os custos de produção devem baratear e, assim, o produto vai se equiparar à gasolina comum.

Porsche
Abastecimento com gasolina sintética (Vagner Aquino/Especial para o Estadão)

Na prática, quase 10 km/l

Para entender, na prática, se o comportamento do carro muda na comparação com a gasolina atual, se o consumo é bom, bem como suas semelhanças e diferenças, a Porsche convidou dez jornalistas para testar o combustível sintético em diversos modelos disponíveis no portfólio da fabricante. O Jornal do Carro percorreu pouco mais de 50 km – entre a capital paulista e a cidade de Mairiporã, também em São Paulo – a bordo de um 911 Carrera T abastecido (na nossa presença) com o eFuel.

Na prática, o comportamento do carro não muda, o ronco do motor – 3.0 boxer biturbo de seis cilindros e 385 cv – que sai pelo escapamento também se mantém. E o cupê esportivo mantém a mesma agilidade que lhe é peculiar. Mérito, em partes, do torque de 45,9 mkgf disponíveis entre 1.950 rpm e 5.000 rpm. Tão ágil que vai de 0 a 100 km/h em 4 segundos, conforme dados técnicos disponibilizados pela marca. O combustível se mostrou bastante eficiente, fazendo o carro consumir perto de 10 km/l em trajeto misto (e com trânsito pesado). Em síntese, apenas ficou mais limpo por dispensar o uso do petróleo.

Vagner Aquino/Especial para o Estadão

Meta é frota mundial neutra em carbono

Para a ação com a imprensa, a Porsche importou 500 litros do combustível para o Brasil. E, por falar em litros, com o aumento gradual da produção do eFuel, a meta é chegar aos 550 milhões de litros por ano já em 2027. E a meta é desenvolver essas tecnologias em escala cada vez maior, a fim de atender os 1,3 bilhão de carros que ainda circulam com motores a combustão em todo o planeta. Ou seja, a ideia da Porsche não é fazer uma gasolina limpa apenas para si, mas ter uma frota mundial com carbono neutro, menos custo e mais eficiência.

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