Avaliação: Hyundai Kona Electric, maior e melhor

Texto Flávio Silveira
Reportagem Mirco Magni
Fotos Gabriele Galli

Como poucas vezes antes na história automotiva, a tecnologia está mudando radicalmente a aparência dos carros. Veja o novo Hyundai Kona, por exemplo. Bem diferente da geração anterior, suas linhas foram traçadas com foco na eficiência e com toques tecnológicos que parecem coisa de filme de ficção científica.

A nova dianteira é quase toda fechada e, olhando-a durante o dia, praticamente não dá para ver os faróis – que ficam escondidos no para-choque, uma característica herdada do primeiro Kona, de 2017. Que, aliás, já saiu de linha em vários mercados, pouco após ser lançado no Brasil, e está sendo “queimado” a R$ 189.990 (o mesmo truque que da Chevrolet com o Bolt EUV; prefira o Seres 3, também avaliado na edição da Motor Show em que está a matéria que você lê).

Voltando ao design, há, ainda, uma faixa de LED que atravessa toda a dianteira, fazendo com que ele pareça um capacete de stormtrooper de Star Wars. Curioso é que mesmo o Kona híbrido – também vendido no Brasil apenas na geração antiga – tem uma aparência quase igual.

Isso porque a segunda geração do crossover nasceu a partir desta versão, apesar de as outras terem chegado primeiro. De qualquer modo, este Kona Electric é o melhor modelo da gama, tanto em tecnologia quanto em desempenho. Graças ao motor síncrono dianteiro, é o mais rápido: tem 218 cv e acelera de 0-100 km/h em 8,1 segundos, 3 segundos a menos que a versão híbrida.

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Ao volante

• São números notáveis, que nos fazem pensar em um carro espirituoso – mas, ao volante, ele entrega sua força de modo calmo e progressivo, sem grudar o motorista no banco nem mesmo nos primeiros metros.

• Não me interpretem mal: isso é um elogio, pois ele foca completamente no conforto. Que é bastante alto, por sinal, como esperado de um crossover-SUV familiar (em vez de 0-100 km/h, direção tranquila e segura).

• Sua dirigibilidade é relaxada e relaxante, com suspensões que isolam mesmo os solavancos mais pronunciados. A direção, bastante progressiva, também convida a dirigir “descontraído”, pois é demasiadamente filtrada – como todo o carro, tanto em acústica (exceto alguns ruídos acima dos 100 km/h) quanto em configuração.

Quase 20 centímetros maior que o Kona vendido no Brasil hoje, este novo Kona Electric (ou Kona EV, dependendo do mercado) se “encaixa” melhor entre os SUVs compactos, melhorando suas chances de se dar bem no mercado.

Até os mais altos encontram boa posição de guiar, há conforto de sobra na parte traseira e o porta-malas acomoda 466 litros (um outro compartimento, na parte dianteira do carro, tem capacidade de 27 litros, podendo levar o carregador portátil ou uma mochila média).

Na dianteira e na traseira, há elementos ópticos ousados nos para-choques, e as lanternas são inteligadas por LEDs que percorrem toda a carroceria (outra tendência) (Crédito:Divulgação)
(Divulgação) (Crédito:Divulgação)
Acima, a cabine com linhas bastante limpas e quadro de instrumentos e central multimídia conectados em uma só pela (mais uma moda; os carros elétricos estão mesmo ficando todos iguais?) (Crédito:Divulgação)
(Divulgação)

Bem-estar, a razão de ser

Prático, o novo Kona EV tem um cluster onde o mundo digital e o analógico coexistem muito bem: há botões para as funções mais comumente usadas, que se combinam com as duas telas de 12,3”.

Também conveniente é a abertura acima do porta-luvas, que pode ser usada pelo passageiro dianteiro como uma prateleira. Ainda foram criados compartimentos espaçosos no túnel central para guardar objetos como chaves e smartphone.

Os sistemas semiautônomos incluem recursos como frenagem automática de emergência (inclusive em marcha-a-ré), alerta de ponto cego (ativo) e direção assistida nível 2: ajuda a relaxar quando se está ao volante. Porque esta é justamente a razão de ser deste automóvel.

Mas não espere que esse novo Kona seja o SUV elétrico – e também o híbrido – mais barato do Brasil, como acontece hoje. Maior e melhor, ele naturalmente ficará também mais caro.

Na Europa, a versão topo de linha do nosso primeiro contato sai por € 49.900 (R$ 260 mil, com bateria de 65,4 kWh, quase 40% mais capacidade que o da versão de € 43 mil).

No Brasil, iria, proporcionalmente – e sem o desconto de “queima de estoque” da geração que é vendida agora – custar algo em torno de R$ 250 mil, talvez mais.

Hyundai Kona EV X Class S. Edition

Preço na Europa R 50.000
Preço no Brasil (estimado) R$ 250.000

Motor: dianteiro, elétrico síncrono
Combustível: eletricidade
Potência: 218 cv
Torque: 255 Nm
Câmbio: caixa redutora com relação fixa
Direção: elétrica
Suspensões: McPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: discos ventilados (d) e discos sólidos (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,36 m (c), 1,83 m (l), 1,58 m (a)
Entre-eixos: 2,66 m
Pneus: n/d
Porta-malas: 466 + 27 litros
Peso: 1.773 kg 0-100 km/h: 8s1
Vel. máxima: 172 km/h
Consumo: 6 km/kWh (média, Europa)
Emissão de CO2 zero g/km
Consumo nota A
Bateria: íons de lítio, 65,4 kWh
Autonomia: 454 km (WLTP)
Recarga: AC 11 kW / DC 102 kW



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