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VW Kombi completa 10 anos fora de linha, mas ainda é popular

É improvável que você não conheça a VW Kombi. No Brasil desde 1957, a perua foi o primeiro Volkswagen a ser feito no Brasil, desbancando até mesmo o Fusca, até então chamado de VW Sedan. Após 56 anos de produção ininterrupta, o modelo saiu de linha há 10 anos, em 18 de dezembro de 2013, e ainda não teve um substituto à altura no mercado nacional.

O motivo da aposentadoria forçada da “velha senhora” se deve por conta da legislação. Em 2014, todos os veículos nacionais deveriam ter ABS e airbags, e os custos de implementação dessas tecnologias na Kombi não eram viáveis para a marca. Airbags até poderiam ser instalados, mas o ABS exigiria pontas de eixo novas, o que era um grande “não” para a VW, em razão do custo.



A versatilidade do modelo se provou favorita no Brasil, onde praticamente não teve concorrência, até a abertura das importações nos anos 90, e nomes como Kia Besta e Asia Topic/Towner movimentaram o mercado de utilitários leves. Disponível em versões Passageiro, Furgão, Pick-up e até com motor a diesel, teve as mais diversas aplicações possíveis. 

A cronologia da Kombi no Brasil

Versão “Corujinha” foi a pioneira no País, tinha versão pick-up e durou até 1975 (Volkswagen/Diuvlgação)

A Kombi teve três gerações no País, diferente do que aconteceu em mercados externos, onde o modelo evoluiu bastante. Por aqui, tudo começou com a T1, popularmente chamada de “corujinha”, com para-brisas bipartido, opção de pintura bicolor (modelo Luxo) e visual arredondado. Do final dos anos 50 até 1975, o modelo manteve-se praticamente inalterado, incorporando melhoramentos mecânicos, como o motor 1500, em 1967, que depois equiparia o Fuscão, em 1970.

Versão “Clipper” foi responsável por renovar a Kombi no Brasil (Montagem/VW/Divulgação)

 Em 1975, já como modelo 1976, chegava a segunda geração do modelo, chamada “Clipper”. Já com 3 milhões de unidades vendidas, a nova Kombi trazia para-brisas inteiriço, carroceria redesenhada, portas maiores e o motor 1600, que lhe acompanharia até o século XXI. Com 52 cv e 11,2 mkgf de torque, disponível em baixos 2.600 rpm, o conjunto tinha força o suficiente para mover o utilitário, além de dar pouca manutenção e ser robusto. Contudo, em 1978, chegaria a dupla carburação, com mais 4 cv de potência, e mais fôlego.

Em 1981 chegaria a versão a diesel, nas versões pick-up e furgão, que prometia boa economia de combustível, e incorporava um radiador na dianteira (algo que retornaria anos depois na Kombi 1.4), mas que teve má fama no mercado. O modelo requeria uma manutenção mais cautelosa, algo que nem todos os proprietários, acostumados com o motor boxer comum, faziam. No ano seguinte, chegava a versão a Álcool, com 57 cv, oito a mais que a versão gasolina.

Versão luxuosa Carat não emplacou, e durou pouco

VW/Divulgação

Ao longo dos anos, mais mudanças aconteceram. Em 1985, a versão a diesel saiu de linha, e em 1992 o modelo ganhou catalisadores, em razão da legislação. Entretanto, em 1997, chegava a tão desejada porta lateral de correr, junto da “terceira” geração, apelidada de “Carat”. O nome faz alusão à versão de Luxo, de mesmo nome, e incorporava novo interior, com novas padronagens de tecido, cores externas e materiais. Contudo, a maior mudança foi a injeção eletrônica multiponto, fazendo da Kombi o único veículo nacional arrefecido a ar com a tecnologia.

Contudo, a partir de 1999, a versão luxosa Carat saia de linha, devido à baixa procura. No ano seguinte, a Kombi tinha opção apenas da cor branca. Em 2005, com a iminência do fim do motor a ar, chega a Série Prata, em homenagem aos últimos motores desse tipo em produção no mundo. Assim, apenas duzentas unidades, na cor Prata Light, foram feitas. A partir de 2006, a perua ganharia o motor 1.4 flex, a água, utilizado nos Polo de exportação.

Séries especiais eram o começo do fim da perua

Série derradeira “Last Edition” era cara e algumas ficaram em concessionárias esperando compradores (Rodrigo Tavares/Especial para o Jornal do Carro)

Mais potente e econômico, foi o motor que acompanhou a velha senhora até o final, em 2013. Assim, em 2007, a série especial 50 Anos trazia pintura bicolor. Com teto branco e porção superior em vermelho sólido, imitava a Kombi Luxo do passado. Limitadíssima, teve apenas 50 unidades. Em 2013, chegava a série especial derradeira, a Last Edition, com pintura bicolor azul e branca, tiragem limitada, adornos especiais e alto preço. 

No mundo afora, a Kombi teve os mais variados usos, e no mercado nacional não foi diferente. Marcada na memória popular como sinônimo de transporte e trabalho, a velha perua da VW ainda não teve um substituto à altura no País. Mesmo 10 anos após sua despedida, por exemplo.

Kombi permanece popular nas ruas do Brasil até hoje

Modelo ainda é visto com frequência nas ruas, e adquiriu status de colecionável (Rodrigo Tavares/Especial para o Jornal do Carro)

Modelos como a linha de comerciais leves da Stellantis (Fiat Fiorino, Scudo, Citroën Jumpy, etc), por exemplo, tentam suprir a lacuna deixada pelo modelo. Entretanto, sem imitar o baixo preço e versatilidade. Na própria Volkswagen, o sucessor direto da velha senhora fica sendo o elétrico ID.Buzz. Mas, disponível apenas por assinatura, sua devolução ao final do contrato de locação é obrigatória, não se encaixando fielmente no papel proposto. 

Seja como for, famosa por participar de movimentos que vão desde a cultura hippie dos anos 60, até o transporte público de grandes centros do Brasil, a Kombi repete o feito do Fusca. Mesmo após ser descontinuada, ainda não desapareceu completamente das ruas do País. Por fim, ainda é possível ver modelos trabalhando, ou recebendo o devido cuidado nas mãos de entusiastas da perua, após anos de serviço.

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