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O que faz um carro clássico valer tanto dinheiro

Um dos temas dessa coluna é o investimento em modelos clássicos, certo? Por isso, a melhor (e mais divertida) forma de entender esse conceito é falando de um mito brasileiro sobre quatro rodas: o Volkswagen Gol GTi.

O esportivo GTi foi apresentado no Salão do Automóvel de 1988 e chegou às concessionárias no ano seguinte. Ele marcou a época por ter sido o primeiro modelo do Brasil com injeção eletrônica de combustível – num cenário onde só havia motores a carburador.

E a Volkswagen investiu muita tecnologia porque ela queria se destacar: injeção eletrônica Bosch LE-Jetronic e sensor de detonação Bosch EZK em um motor 2.0 litros de 4 cilindros em linha. Era considerada uma mecânica moderna até para o que existia no exterior.

Com essa mecânica, o GTi entregava 120 cv de potência e 18,35 kgfm de torque com velocidade máxima de 174 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 10,4 segundos. Enfim, o modelo mais rápido em produção do Brasil.

É… Quem tinha um GTi 1989 era o playboy invejado do momento. E essa geração ficou conhecida como a do “Gol Quadrado”. Até hoje, considerada uma das mais valiosas do modelo.

+ Como o GG apareceu na minha vida

MOENDO O CARRO

Como era um esportivo, os boyzinhos aceleraram seus GTis pra valer. Afinal, ele foi projetado para isso, né? Essa galera destruiu, moeu e usou até acabarem com seus Gols. Depois de 1989, o GTi teve outras duas gerações (1991 e 1993) até seu último ano de fabricação (1994).

Quando novo, o Gol GTi estava custando muito caro e dava aquele status. Depois, ele começou a decair até chegar ao mercado de usados. Passados mais alguns anos após sua saída do mercado, tornou-se um carro sucateado servindo para alimentar lojas de peças ou ferros-velhos.

O DESEJO VOLTOU

Nos últimos cinco anos, a procura pelo Gol GTi ressurgiu. E qual o perfil dos compradores? Os jovens da década de 1990 que, agora com mais idade, conseguiram o poder aquisitivo para ter o seu objeto do desejo.

Na tabela Fipe atualizada (novembro/2023), um GTi está cotado a R$ 13.306. Nesse pico de 2018, estavam negociando um carro de baixa quilometragem por até R$ 80 mil. Daí, as oficinas especializadas começaram a correr atrás dos GTis e colocá-los em suas coleções.

Esses Gols passaram por uma restauração de altíssimo nível. Seria o que chamo de rebuild. Para citar uma das várias estratégias, as restauradoras buscam peças novas para reposição em concessionárias e lojas, ainda com estoques antigos. É muita mão de obra e muito dinheiro.

Para se ter uma ideia, um conjunto de farol de milha original Lucas Rossi do Gol GTi pode custar na faixa de 7 mil reais. E uma restauração completa? R$ 200 mil, além da compra do próprio carro por um valor médio de R$ 90 mil. Até aqui, estamos falando de um custo de R$ 290 mil. Ah, você ainda tem de entrar numa fila nas oficinas que pode levar de um ano e meio a dois anos até tudo ficar pronto.

EM ALTA

Um carro sem restauro comprado em 2018 por R$ 80 mil. Hoje, após um rebuild, pode estar valendo R$ 300 mil, no mínimo. Já calculou quanto ele teve de retorno? Aproximadamente 3,75 vezes ou 275% (!!!).

E os preços de negociação podem ser ainda maiores para os modelos nunca restaurados (os mais próximos de seu estado original na época) e para os de nível de concurso (raridades para competição em mostras de antigomobilismo). Hoje, estamos negociando um GTi não restaurado na GG World com 21 mil km rodados por R$ 400 mil

Sabe quantos Gols GTis nunca restaurados e de baixa quilometragem devem existir em todo o Brasil? Não mais do que 20. Ouvi dizer que até existe um GTi 1989 0km em Santa Catarina. Já imaginou o valor dele?

E assim, você conheceu a história de um dos carros brasileiros mais desejados da atualidade e como ele chegou nesse patamar. Valeu! E até a próxima!

Fotos: Herik Alves/HKCD

 

 



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